Onde o dia desperta em silêncio e cor…
O Desjejum de H.Matisse - Flavio Dutka (Tela 16x24 - tinta acrilica e marcador sobre tela)
No desjejum de Matisse, não há pão nem café — há cor que transborda as bordas, cipós que dançam entre janelas
e flores que nos lembram que a beleza nunca se prende.
É o caos organizado do olhar que ainda sonha.
Inspirada no universo cromático de Henri Matisse, a obra 'Desjejum de H. Matisse' propõe uma experiência visual intensa, onde formas orgânicas rompem estruturas e sugerem liberdade criativa. Uma composição que celebra a arte como alimento sensível do olhar e da alma.
A tela “Desjejum de H. Matisse” de Flavio Dutka evoca um diálogo visual com o universo estético de Henri Matisse, reinterpretado com ousadia contemporânea. A composição é vibrante, complexa e fragmentada, como se estivesse contida entre janelas ou vitrines de um jardim imaginário.
🔍 Numa análise visual temos:
1. Cores e emoções:
O fundo vermelho intenso remete diretamente à paleta emocional de Matisse, conhecida por sua intensidade e calor. Aqui, ele serve de palco dramático para os elementos sobrepostos.
Tons fluorescentes e contrastantes — como o verde-água, lilás, roxo e amarelo-limão — dançam sobre o vermelho, criando uma energia pulsante.
2. Composição e formas:
A tela é marcada por linhas retas amarelas que lembram molduras ou janelas, fragmentando a cena e trazendo à mente a ideia de observação ou de compartimentos da memória visual.
As formas curvas e orgânicas — ramos, cipós, flores — remetem ao mundo natural, mas estilizadas em linguagem gráfica quase abstrata. Elas invadem os limites das “janelas”, rompendo a contenção, talvez sugerindo a força incontrolável da natureza ou da criatividade.
3. Movimento:
Há uma cadência rítmica nas linhas sinuosas dos cipós e na dispersão das bolhas florais rosadas. O olhar do observador é conduzido de forma espiralada, como se estivesse sendo levado por uma brisa tropical através de uma mata onírica.
4. Influência matissiana:
A tela ecoa os recortes ("gouaches découpés") de Matisse, especialmente de sua fase final, quando ele explorava formas recortadas e cores chapadas com liberdade expressiva.
O título “Desjejum de H. Matisse” pode ser uma referência à forma como Matisse alimentava o espírito pela arte e cor, ou ainda uma brincadeira visual com a série de interiores domésticos e cenas de café da manhã presentes na obra do mestre francês.
✨ Interpretação simbólica
Essa obra pode ser lida como um “banquete matinal” para os sentidos — uma explosão de cor e forma que celebra a alegria de viver, uma das marcas de Matisse. Mas também há um sutil tom de desorganização e excesso que sugere o mundo atual: superconectado, caótico, onde a beleza precisa ser buscada entre os ruídos.
As linhas amarelas estruturam, mas não dominam. A natureza ainda brota entre as grades. O "desjejum" aqui talvez seja metafórico: alimentar-se da liberdade da arte, do poder das cores e da indisciplina poética da natureza.
Como é típico do Fauvismo, movimento do qual Matisse foi um dos líderes, as cores são intensas, não realistas, e usadas para transmitir emoção.As figuras e objetos representados por Dutka tem contornos suaves e estilizados, priorizando a harmonia visual em vez da precisão anatômica.A disposição dos elementos transmite serenidade, reforçando a ideia de que o desjejum é um ritual de reconexão com o corpo e o dia que começa. Matisse frequentemente dissolvia a separação entre fundo e figura, criando uma unidade visual que sugere integração entre o ser humano e seu ambiente.
Henri Matisse acreditava que a arte deveria ser uma fonte de prazer e tranquilidade. Ele dizia que queria criar uma arte “como um bom poltrona onde se repousa de uma fadiga física”. “O Desjejum” obra de Flavio Dutka se encaixa perfeitamente nessa filosofia, oferecendo ao espectador uma pausa contemplativa.
Na pintura de Flávio Dutka, o café da manhã é mais que refeição — é um momento sagrado, onde objetos falam, gestos respiram e o tempo repousa. Aqui, o cotidiano vira poesia visual.
Quem é Flávio Dutka? artista plástico e visual com uma trajetória marcada pela sensibilidade, criatividade e compromisso com a educação. Paranaense de nascimento e rondoniano de coração, Dutka é formado em História pela UNIR e há mais de 16 anos atua como educador em comunidades ribeirinhas do Baixo Madeira.Um artista versátil,com várias exposições pelo Brasil e no exterior,entre as quais, em Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro, na Finlândia e Milão(Itália) e várias pela região norte,especialmente em Porto Velho.
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