Publicado na Revista Antropofagia (1928), propunha basicamente a devoração da cultura e das técnicas importadas e sua reelaboração com autonomia, transformando o produto importado em exportável. O nome do manifesto recuperava a crença indígena: os índios antropófagos comiam o inimigo, supondo que assim estavam assimilando suas qualidades.
"A idéia do manifesto surgiu quando Tarsila do Amaral, para presentear o então marido Oswald de Andrade, deu-lhe como presente de aniversário a tela Abaporu (aba = homem; poru = que come).
A intensa relação amorosa e intelectual com Oswald fez Tarsila pintar, em 1928, Abaporu (“homem que come carne humana”, em tupi). O quadro impressionou tanto Oswald que serviu como mote para o Movimento Atropofágico, nome dado a segunda fase de Tarsila, que “deglutiu” ainda mais radicalmente referências culturais estrangeiras em um ambiente brasileiro."
Tarsila valorizou o trabalho braçal (corpo grande) e desvalorizou o trabalho mental (cabeça pequena) na obra,pois era o trabalho braçal que tinha maior impacto na época.
. Além de apresentar alguns traços surrealistas e evidenciar a preocupação de Tarsila com a estilização do desenho, a obra traz fortes características brasileiras, como as cores da bandeira nacional (verde, amarelo e azul). O pé grande da figura representa a intensa ligação do homem com a terra.
Podemos dizer que ABAPORU é uma re-escritura da obra "O Pensador de RODIN (Rodin é considerado um artista obstinado pelas formas, principalmente a forma humana. “O Pensador” se transformou em verdadeiro ícone popular da imagem de um filósofo, renovando a arte da escultural no século XIX, em sua posição reflexiva, constitui-se na representação da figura humana em profunda e sincera preocupação com o seu destino).
" “Abaporu” a re-escritura do “Pensador” não se dá apenas pela posição corporal da personagem, mas também pela estética do fragmento e do bloco. E, se juntarmos à isso a re-escrituração de brasileiridade podemos compreender o texto por suas re-escriturações e, não apenas por sua forma ou conteúdo como é comumente lido pelos críticos de arte e educadores.
O que nos interessa aqui é a transversalidade das relações, pois compreende-se que o funcionamento do texto não é somente referencial, justamente por isso, aponta-se para a re- escrituração e não para referência. Não há como dizer que Tarsila tenha usado Rodin como referência, mas, pode-se apontar para os efeitos de sentido presentes num texto e em outro. Pois é o funcionamento do texto que nos interessa e não seu referencial. No discurso artístico a pergunta não pode ser o que o artista quis dizer, mas, como o diz, como os sentidos funcionam e produzem efeitos.
Desta forma, percebe-se o funcionamento do fragmento (legado deixado por Rodin), como uma regularidade do texto de Tarsila: no fragmentos o reflexo do sol, por exemplo. A luz vem de fora, mas, as marcas estão no corpo da personagem e no cacto, reescrevendo materialmente os efeitos de exterioridade que colocam-se no texto de Rodin. No entanto, o fragmento só pode ser compreendido pelo bloco: sol abrasador no Brasil, neste caso, também reescrevendo brasileiridade. O sol funciona aqui, pela exterioridade. O que pode-se dizer, é que não dá para fazer a leitura do sol, pela estética do fragmento, pois isso levaria a interpretação de que o sol poderia estar representado pela flor do cacto, no centro do quadro.
"Uma figura solitária, monstruosa, pés imensos, sentada numa planície verde, o braço dobrado num joelho, a mão sustentando a peso-pena da ‘cabecinha-minúscula’. Em frente, ‘um cacto explodindo numa flor absurda’. Quando uma de suas amigas diz que suas pinturas antropofágicas lembravam-lhe pesadelos, Tarsila então identifica a origem de sua pintura desta fase: “Só então compreendi eu mesma que havia realizado imagens subconscientes, sugeridas por histórias que ouvira quando em criança, contadas no hora de dormir pelas velhas negras da fazendo. Segui apenas numa inspiração, sem nunca prever os seus resultados.” Aquela figura monstruosa, de pés enormes, plantados no chão brasileiro ao lado de um cacto, sugeriu a Oswald de Andrade a idéia da terra, do homem nativo, selvagem, antropófago... (AMARAL, Aracy apud AZEVEDO)"
Tarsila valorizou o trabalho braçal (corpo grande) e desvalorizou o trabalho mental (cabeça pequena) na obra,pois era o trabalho braçal que tinha maior impacto na época.
. Além de apresentar alguns traços surrealistas e evidenciar a preocupação de Tarsila com a estilização do desenho, a obra traz fortes características brasileiras, como as cores da bandeira nacional (verde, amarelo e azul). O pé grande da figura representa a intensa ligação do homem com a terra.
O Pensador - Rodin |
" “Abaporu” a re-escritura do “Pensador” não se dá apenas pela posição corporal da personagem, mas também pela estética do fragmento e do bloco. E, se juntarmos à isso a re-escrituração de brasileiridade podemos compreender o texto por suas re-escriturações e, não apenas por sua forma ou conteúdo como é comumente lido pelos críticos de arte e educadores.
O que nos interessa aqui é a transversalidade das relações, pois compreende-se que o funcionamento do texto não é somente referencial, justamente por isso, aponta-se para a re- escrituração e não para referência. Não há como dizer que Tarsila tenha usado Rodin como referência, mas, pode-se apontar para os efeitos de sentido presentes num texto e em outro. Pois é o funcionamento do texto que nos interessa e não seu referencial. No discurso artístico a pergunta não pode ser o que o artista quis dizer, mas, como o diz, como os sentidos funcionam e produzem efeitos.
A re-escrituração não é uma questão coerciva, mas a relação de produção de sentido. Por que ressalta a diferença. Tarsila não diz “O pensador”, diz “O Abaporu”. Uma personagem que reflete sobre o seu tempo e o seu tempo é de pensar – sentir a sua terra e tudo o mais que lhe constitui. Talvez, traga por meio de imagens, a discussão antropológica sobre conhecimento sensível versus conhecimento científico, mas, mesmo assim, diz sobre o conhecimento."
(Fonte: Trecho de A TESSITURA DA TEXTUALIDADE EM “ABAPORU” Nádia Régia Maffi Neckel - Doutoranda do Programa de Lingüística da Universidade de Campinas (UNICAMP) ;Pesquisadora do Núcleo de Pesquisa em Arte e Educação da Universidade do Contestado (UnC) )
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Ao considerar a descrição do “Abaporu”, é possível perceber que “Antropofagia” dá continuidade ao movimento antropofágico lançado em 1928, porque, tal como na tela precursora( A Negra) dessa fase das artes brasileiras, pode-se ler na obra de 1929:
* No plano temático: a ausência de recalques, de Freud e, em especial, da “vergonha de ficar pelado”, aspecto notável na nudez primitiva, espontânea das personagens;
* no plano das formas e da composição das imagens: o retrato de cactos e folhas de bananeira, bem nacionais; formas distorcidas, que remetem a vanguardas européias (Cubismo e Expressionismo).
Veja o video e conheça um pouco mais de Tarsila:
Ao considerar a descrição do “Abaporu”, é possível perceber que “Antropofagia” dá continuidade ao movimento antropofágico lançado em 1928, porque, tal como na tela precursora( A Negra) dessa fase das artes brasileiras, pode-se ler na obra de 1929:
* No plano temático: a ausência de recalques, de Freud e, em especial, da “vergonha de ficar pelado”, aspecto notável na nudez primitiva, espontânea das personagens;
* no plano das formas e da composição das imagens: o retrato de cactos e folhas de bananeira, bem nacionais; formas distorcidas, que remetem a vanguardas européias (Cubismo e Expressionismo).
Veja o video e conheça um pouco mais de Tarsila:
Muito legal nota 10 vlw msm.:D
ResponderExcluirsuas obras são ótimassssssss
ResponderExcluirparabéns
Por que o personagem está nu? Por que está pensativo? Por que o nome indígena numa cena com ícones do Nordeste brasileiro (o sol e o cacto)? Por que um antropófago é retratado com a cabeça tão pequena e os pés tão grandes? Por que a inação impregna o quadro? Por que unir o cacto - símbolo da seca - com a forte presença do verde?
ResponderExcluirA ideia do blog é ótima. Parabéns.
Parece que o sr ou sra. anônimo não leu o texto acima....O nome é uma referência à antropofagia modernista, que se propunha a deglutir a cultura estrangeira e adaptá-la ao Brasil, por isso, elementos como o cacto e o sol na obra,bem como as cores verde e amarelo.O nome tem origem tupi conforme explicado acima,por isso o nome é indígena. "ABAPORU vem dos termos em tupi aba (homem), pora (gente) e ú (comer), significando "homem que come gente". com relação A "CABEÇA PEQUENA" E OS PÉS GRANDES" também se encontra na explicação acima bem como a atitude de "pensador". Ler sem preceber o que lê é meio complicado, deve ser por isso que a dona do blog nem respondeu, pois as explicações estão todas no conteúdo acima.Quer um conselho: RELEIA as explicações acima pois suas dúvidas já estão todas respondidas aí na explanação da tela.
ExcluirCara, mandou bem.
ExcluirAcontece que na época tentava-se também chamar a atenção dos governantes para os problemas socio-economicos do nordeste brasileiro e a arte foi um importante método para mostrar essa realidade, assim vem a 2ª fase do Modernismo com Vidas Secas do G. Ramos........
Excluircara tudo o que os artistas pintam são coisas que eles pensam ou se espiram
Excluirafinal o que é isso
ResponderExcluirA resposta está acima.Leia com atenção e entenderás...
Excluiracho o abaporu muito legal faz a cabeça pensar o que ela quiz demonstrar com essa figura tão diferente
ResponderExcluirPara o penúltimo anônimo ai em cima.Vc não entendeu a explicação acima?mas respondendo sua pergunta: Isso é uma tela de tarsila do Amaral dada de presente ao seu esposo Oswald de Andrade. O quadro impressionou tanto Oswald que serviu como mote para o Movimento Atropofágico, nome dado a segunda fase de Tarsila, que “deglutiu” ainda mais radicalmente referências culturais estrangeiras em um ambiente brasileiro.LEIA COM ATENÇÃO AS EXPLICAÇÕES ACIMA E COMPREENDERÁS,pois há um detalhamento da obra em seus pormenores, bem como uma relação com a obra de Rodin - O Pensador.Quer uma dica: Vá lendo as explicações juntamente com a observação da tela ok.
ResponderExcluirolá gostaria de saber onde atualmente está localizada esta obra , e se possível a data e o mês? obrigada.
ResponderExcluirRespondendo sua pergunta: Abaporu pertence ao empresário argentino Eduardo Costantini.Foi comprada por ele em 1995, por US$ 1,43 milhão em leilão em Nova York.A obra voltou recentemente ao Brasil, para ser o destaque da exposição "Mulheres, Artistas e Brasileiras", inaugurada no Palácio do Planalto, em Brasília.Mas costuma ficar em exposição permanente no Museu de Arte Latino-americana de Buenos Aires (Malba), inaugurado em Buenos Aires em 2001 e que apresenta o acervo do empresário.
ResponderExcluirObra magnífica!Nos atos antropofágicos do quotidiano reconfiguramos cenários e absorvemos o alimento que a cultura global se apropria.Parabéns, pelo trabalho investigativo e reflexivo!
ResponderExcluirPior que esta pintura, só mesmo a tentativa de salvá-la com um discurso. Sintoma generalizado na arte que ignora o processo.
ResponderExcluirA propósito, adorei o blog que sigo apartir de agora.
eu tava atras de abaporu
ResponderExcluirola quero saber oker é abapuru
ResponderExcluirOlá caro anônimo!
ExcluirVocê leu a explicação completa aí em cima? está aí na explicação logo no início em rosa e laranja,mas repito-a aqui.Observe também que logo abaixo é explicado o porquê dos pés grandes, cabeça, etc.E ainda lembrando que essa obra representa o movimento antropofágico, certo?
Abaporu (aba = homem; poru = que come)ou seja,Abaporu (“homem que come carne humana”, em tupi) ok.
Obra muito interessante, de grande valor.
ResponderExcluiré muito interessante essa arte em todos os seus aspectos
ResponderExcluirgostei ficou legal!
ResponderExcluiro que gerou o movimento histórico-cultural do abaporu
ResponderExcluirComo assim, movimento Abaporu? Abaporu é uma tela produzida por Tarsila dada ao seu marido que fundou o movimento antropofágico já explicado aí em cima.Abaporu vem dos termos em tupi aba (homem), pora (gente) e ú (comer), significando "homem que come gente". O nome é uma referência à antropofagia modernista, que se propunha a deglutir a cultura estrangeira e adaptá-la ao Brasil. Tarsila do Amaral valorizou o trabalho braçal (pés e mão grandes) e desvalorizou o trabalho mental (cabeça pequena) na obra (já explicado acima também), pois era o trabalho braçal que tinha maior importância na época.Não existe movimento Abaporu, existe Movimento antropofágico onde esta tela foi uma das representantes do movimento que propunha basicamente a devoração da cultura e das técnicas importadas e sua reelaboração com autonomia, transformando o produto importado em exportável. (já explicado na matéria também).
ExcluirMuito boa a obra de TARSILA DO AMARAL uma mulher experiente nesse ramo que ela quer levar nete mundo da arte uma mulher de fibrar...
ResponderExcluirapesar de ñ gostar muito de arte achei bem legal as obras q ela fes !
ResponderExcluirme ajudou muito no meu trabalho de tarcila do amaral
ResponderExcluirme ajudou bastante!
ResponderExcluiradorei mais preciso saber de uma coisa
ResponderExcluirem que momento histórico vivido no Brasil quando a obra desponta no cenário sócio cultural ??
estou precisando com urgência da resposta
obrigada!!
O quadro foi publicado em 1928.
ExcluirTarsila não participou da Semana de22.
•Influências impressionistas e depois cubistas.
•1924 – inicia sua fase
PAU-BRASIL
(cores ditas caipiras – rosas e azuis / estilização dafigura humana, frutas e plantastropicais / caboclos e negros /melancolia das cidadezinhas.
Contexto histórico da primeira fase (1922-1930) - Certas transformações foram responsáveis pela criação do ambiente propício à instalação das novas idéias, ressaltando-se: o Centenário da Independência e a Guerra Mundial (1914-1918), que favoreceu a expansão da indústria brasileira, promoveu novas relações políticas, além de abrir espaço para a renovação na educação e nas artes. Deu origem, também, ao questionamento do sistema político vigente, até então comandado pela oligarquia ligada à economia rural. Há, ainda, a grande influência da mão-de-obra imigrante, instalada no Sul, centro de poder da vida econômica e política do país. Outros fatos importantes foram: o triunfo da Revolução de Outubro de 1930, cujo levante se deu em 1922, e a fundação do Partido Comunista Brasileiro.
Igualmente relevante, foi a quebra da Bolsa de Valores de Nova York, em 1929, levando à queda do café brasileiro na balança de exportação, nessa mesma data. Tal fato, desestabiliza, no Brasil, o grupo dirigente e abre espaço para o novo, dando legitimidade à arte e à literatura modernas, entendidas, a princípio, como "capricho". O país vive os últimos anos da República Velha, caracterizada pelo domínio político das oligarquias, formadas pelos grandes proprietários rurais. Em 1922, com a revolta do Forte de Copacabana, o Brasil entra num período revolucionário de fato, culminando com a Revolução de 1930 e a ascensão de Getúlio Vargas.
1928 – fase antropofágica – “Abaporu” (dá margem à criação do Manifesto Antropofágico – Oswald de Andrade.Manifesto propunha: conhecer as estéticas modernas europeias e criar uma arte com feição brasileira / criar algo enraizado na cultura do país.
Este é o quadro mais importante já produzido no
Brasil. Tarsila pintou um quadro para dar de presente para o escritor Oswald de Andrade, seu marido na época. Quando viu a tela, assustou-se e chamou seu amigo, o também escritor Raul Bopp. Ficaram olhando aquela figura estranha e acharam que ela representava algo de excepcional. Tarsila lembrou-se então de seu dicionário tupi-guarani e batizaram o quadro como Abaporu (o homem que come). Foi aí que Oswald escreveu o Manifesto Antropófago e criaram o Movimento Antropofágico, com a intenção de "deglutir" a cultura européia e transformá-la em algo bem brasileiro. Este Movimento, apesar de radical, foi muito importante para a arte brasileira e significou uma síntese do Movimento Modernista brasileiro, que queria modernizar a nossa cultura, mas de um modo bem brasileiro. O "Abaporu" foi a tela mais cara vendida até hoje no Brasil, alcançando o valor de US$1.500.000. Foi comprada pelo colecionador argentino Eduardo Costantini.
Eu tinha un trabalho de Artes do Colégio q precisava fazer uma Releitura da obra Abaporu, entrei aki e consegui fazer, ficou D+, MT BOM MSM NOTA 10! :D
ResponderExcluiro ultimo anonimo do dia 25 de setembro de 2012 fez como a mim, que tambem tnho trabalho para fazer,e achei esta pagina da rede social, que achei interesante
Excluirmuito bom..... msm otimo me ajudou no trbalho valew
Excluirqual foi o momento histórico vivido no Brasil qd a obra disponta no cenário sócio-cultural?
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