domingo, 15 de abril de 2012

O Enterro do Conde de Orgaz - El Greco -1586/88

O Enterro do Conde de Orgaz (El entierro del Señor de Orgaz)
El Greco, 1588 - óleo sobre tela 480cem x 360cm

*wikipedia

"Primeiramente vamos entender quem foi o Conde de Orgaz:  Gonzalo Ruiz de Toledo era Senhor de Orgaz (e não conde, pois a vila de Orgaz não foi condado até 1522) foi um homem piedoso e benefeitor da paróquia de Santo Tomé, sendo a igreja reedificada e ampliada em 1300 .Ao falecer a 9 de dezembro de 1323 (outras fontes em 1312) deixou em seu seu testamento uma exigência que deviam cumprir os vizinhos da vila de Orgaz:
Cquote1.svg pague-se cada ano para o cura, ministros e pobres da paróquia 2 carneiros, 8 pares de galinhas, 2 odres de vinho, 2 cargas de lenha, e 800 maravedis Cquote2.svg
Passados mais de 200 anos, em 1564, o pároco da igreja de Santo Tomé, Andrés Núñez de Madrid, advertiu o descumprimento por parte dos habitantes da localidade toledana a continuarem entregando os bens estipulados no testamento do seu Senhor e reclamou frente da chancelaria de Valladolid.Ganhou o pleito, em 1569, e recebeu o retido (soma considerável pelos muitos anos não pagos) e quis perpetuar para as gerações vindouras o conde, Senhor da vila de Orgaz encomendando o epitáfio em latim que se encontra aos pés do quadro, na que além do pleito empreendido pelo pároco relata o acontecimento prodigioso que aconteceu durante o enterro do Senhor de Orgaz, dois séculos antes.


Para presidir a capela mortuária do Senhor de Orgaz, D. Andrés Núñez de Madrid, encarregou o trabalho a um pintor freguês, que naquele tempo vivia, de aluguel, a poucos metros dali, nas casas do Marquês de Villena.
A 15 de março de 1586 assinou-se o acordo entre o pároco, o seu mordomo e El Greco no que se fixava de jeito preciso a iconografia da zona inferior da tela, que seria de grandes proporções. Pontualizava-se da seguinte maneira :
"...na tela tem-se de pintar uma procissão, (e) como o cura e os outros clérigos que estavam fazendo os ofícios para enterrar a D. Gonzalo Ruiz de Toledo senhor da Vila de Orgaz, e baixaram Santo Agostinho e Santo Estevão para enterrarem o corpo deste cavaleiro, um segurando-o da cabeça e o outro dos pés, deitando-o na sepultura, e fingindo ao redor muitas pessoas que estava olhando e em cima de tudo isto tem-se de fazer um céu aberto de glória ..."
.
Portanto observando a tela acima vemos na parte inferior na tela o centro  ocupado pelo cadáver do senhor Orgaz , que vem a  ser depositado com toda veneração e respeito no seu sepulcro. Para tão solene ocasião baixaram os santos do céu : o bispo Santo Agostinho, um dos grandes pais da Igreja, e o diácono Santo Estevão (post abaixo - já interpretado), primeiro mártir de Cristo.

Na parte superior, o pintor descreve o céu, a vida feliz dos bem-aventurados. Aparece Jesus Cristo glorioso, luminoso, vestido de branco, entronizado como juiz de vivos e mortos, com misericórdia, como o amostra o seu rosto sereno e a sua mão direita que manda no apóstolo Pedro, que abra as portas do céu para a alma do conde defunto.

 Na parte inferior ( no detalhe abaixo) , encontramos a cena do enterro. O luto e a seriedade nos semblantes destaca-se acima de tudo. Todos os lábios estão selados. Contrasta o tropel com o que se situam as personagens, com a ordem da parte superior. Alguns rostos não estão completos. Podemos distinguir entre as personagens em primeira fileira e a própria de cavaleiros num posterior plano.

  Observe os personagens na cena acima:

  • A criança (canto inferior esquerdo): El Greco retratou o seu filho no´“O Enterro”, vestiu-o de traje de gala.Mas a criança parece  não seguir a cerimônia com a atenção dos adultos . Pelo que parece, o jogo da criança é reparar sobre a flor da dalmática de Santo Estevão e assinalar-no-la apontando o dedo. Do seu bolso sai um papel no que se lê “Domenico Theotocopúli 1578”.
  • Santo Estevão (canto inferior esquerdo ao lado do menino). Ajuda levar  o Senhor de Orgaz ao sepúcro - à nossa esquerda. É o primeiro mártir da Igreja. Representado por um jovem com túnica  diaconal na qual leva bordada a cena do seu próprio martírio, fazendo contraste com as pretas vestiduras dos cavaleiros. Na sua vestimenta  El Greco representa a cena do próprio martírio de Santo Estevão.
  • O Senhor de Orgaz. Gonzalo Ruiz de Toledo nasceu nesta cidade em meados do século XIII, foi senhor da vila de Orgaz, prefeito de Toledo e notório maior do rei Dom Sancho o Bravo. É representado com a sua armadura de aço brunido; figura no lugar central inferior do quadro. Vai ser depositado no sepulcro. Sua alma aparece no quadro como se fosse um suspiro introduzido no céu por um canal de nuvens. Cabe destacar-se as ricas adornos pintados sobre a armadura. Aqui El Greco prescindiu de sobriedade.
  • Santo Agostinho ( à nossa direita) : É um dos Padres da Igreja. Vestido , neste caso, com rica roupagem litúrgica de bispo bordada em ouro, tocado com mitra, também bordada. Na iconografia católica é fácil reconhecer a Santo Agostinho, como ancião, com a sua barba, o seu báculo –que nesta ocasião não leva- e a sua capa. A riqueza da sua capa permite observar que o pintor retratou –de  cima para baixo- a são Paulo, Santiago Maior e santa Catarina de Alexandria. É demonstrado que o rosto de Santo Agostinho corresponde ao do Cardeal Quiroga.
  • Cura com roquete (de veste branca): De costas não leva em conta o próprio enterro, contemplando –sem dúvida- como a alma se introduz no céu. Também não é o sacerdote que celebra o enterro. Acredita-se que fosse Pedro Ruiz Durón, ecônomo da paróquia.
  • Cura que celebra o responso (à direita com o livro na mão): Figura revestido como tal, com capa pluvial negra com dourados. Na capa observa-se um retrato de São Tomé com esquadra de carpinteiro, uma caveira negra. Sem dúvida, deve representar Dom Andrés Núñez de Madrid, o pároco de Santo Tomé que encarrega a obra a El Greco.
  • Personagem que porta a cruz processional. Parece que o rosto corresponde com o beneficiado da paróquia de Santo Tomé Rodrigo de la Fuente.
  • AGORA OBERVE A PARTE CELESTIAL - ALTO DO QUADRO

Na parte superior persiste a necessária seriedade do momento, rodeados de nublado. Corresponde à construção imaginativa de poetas e artistas. As formas características de El Greco acentuam a beleza do ultraterreno; o tom frio e ao mesmo tempo intenso e deslumbrante da cor e a iluminação sublinham a pertença a outro âmbito.
  • Anjo central: Na parte central do quadro aparece o anjo que “se faz cargo” de alma do Senhor de Orgaz (no alto - lado esquerdo), e segurando-a a introduz, entre nuvens, na presença celestial. A alma é representada como uma crisálida, com a forma de criança.
  • Jesus Cristo: No lugar com mais luz do quadro. Aparece de forma gloriosa, vestido de branco, como juiz de vivos e mortos, como ordenando a São Pedro (em amarelo com as chaves) que abra as portas do céu.
  • A Virgem: Seu gesto é como de acolher maternalmente o Senhor de Orgaz que chega ao céu.
  • Os bem-aventurados da parte direita. Olham para Jesus Cristo. Aparece o apóstolo Paulo (de cor  violeta), Santiago Maior, São Tomé – titular da igreja e com a esquadra, a verde e amarelo-. Na fila que começa S. Tomé, encerra-a Filipe II (que na ápoca não falecera ainda e ao que se quis mostrar como uma falta de ressentimento do pintor pelo monarca que o desdenhara). 
  • Grupo tênue.: Sob os bem-aventurados, há um trio de tênues figuras(canto superior direito), formado por um homem nu e duas mulheres, uma das quais é Maria Madalena, pelo seu frasco de perfume, a outra mulher poderia ser, em boa lógica, Marta. E o homem, seguindo com o tema, Lázaro. Outros falam desta personagem como o de S. Sebastião.
  • São Pedro. À esquerda, de amarelo e com as inequívocas chaves na sua mão.
  • Os personagens da parte esquerda. Somam-se à contemplação os principais personagens do Antigo Testamento : O rei David, com a sua harpa; Moisés, com as tábuas da lei e Noé, com a arca.
  • Anjo jogando à direita. Sem querer olhar para baixo.
  • Almas de crianças à esquerda
 O quadro representa as duas dimensões da existência humana : embaixo a morte, em cima o céu, a vida eterna. El Greco plasmou no quadro o horizonte da vida frente da morte, iluminado por Jesus Cristo.

No detalhe o rosto de Orgaz

 Entre o céu e a terra, o laço de união é a alma imortal do senhor de Orgaz, figurada como um feto que é levado para o céu por mãos de um anjo, através de uma espécie de vulva materna que dará à luz a vida eterna do céu. A morte aparece bem como um parto para a luz eterna na qual vivem os santos. Transe doloroso, mas cheio de esperança.


A mãe de Jesus Cristo, a Virgem Maria, acolhe maternalmente a alma do senhor que chega até o céu. Neste parto à vida eterna, Deus confiou a Maria a tarefa de mãe.Os bem-aventurados olham fascinados e adorantes para Jesus Cristo.




O conjunto do quadro convida à contemplação do mistério da morte. E até mesmo quando tem de traspassar o limiar da morte, não o faz em solitário, mas junto a ele para lhe ajudar está Jesus Cristo, redentor do homem, a sua Mãe, e todos os santos do céu. "






sexta-feira, 6 de abril de 2012

O Martírio de santo Estêvão - Rembrandt - 1625

Rembrandt  - O Martírio de Santo Estêvão .1625

 Rembrandt Harmenszoon Van Rijn foi um importante pintor e gravador holandês. É considerado um dos mais importantes pintores do barroco europeu. Nasceu em 15 de julho de 1606 na cidade de Leiden e faleceu em Amsterdam em 4 de outubro de 1669.

Rembrandt usava  variadas temáticas em suas gravuras como cenas bíblicas, mitologia, paisagens, nus, retratos e outras mais, idem às suas pinturas; embora os auto-retratos sejam mais comuns neste tipo de arte. A fase onde realizou a maior quantidade de gravuras iniciou-se em 1636 e durou cerca de 20 anos. Muitas delas permanecem até hoje, algumas sendo encontradas no Museu Rembrandt, em Amsterdã. Gravuras estas que percorrem o mundo em exposições temporárias, a fim de que outros possam apreiar as obras do grande mestre.

Rembrandt  pintou  seu primeiro quadro -    O Martírio de Estêvão -  aos 19 anos , o que sem dúvida  é um dos episódios mais tristes relatados na Bíblia. Um homem inocente é levado a julgamento devido a falsas acusações. Recebe a oportunidade de fazer uma breve defesa e é imediatamente executado por apedrejamento. A história torna-se ainda mais triste ao lermos na Palavra de Deus que Estêvão era um “homem cheio da graça e do poder de Deus, [quel realizava grandes maravilhas e sinais entre o povo” (Atos 6:8). Estêvão era o tipo de pessoa benquista na sociedade, mas teve a infelicidade — ou felicidade para alguns — de viver num período de grande revolta. A repercussão da morte de Jesus estava apenas começando a ser sentida. Os judeus estavam determinados a eliminar todos os membros da “seita” que cria em Cristo e em Sua ressurreição. Estêvão fazia parte desse grupo e fazia questão de não esconder sua crença.Deus concedeu a Estêvão uma visão em que contemplou Jesus à direita do Pai, cheio de vida e de poder real. A visão confortou o humilde servo de Deus na hora em que mais precisou. A ressurreição não era mais uma verdade abstrata que ouvira, mas tornou-se um fato. Estêvão foi capaz de suportar o momento de maior dor de sua vida porque contemplou o Salvador.

 Observe que a luz incide em cheio em Santo Estevão e nos homens que o estão apedrejando, ressaltando assim as suas expressões, mostrando todos os sentimentos e reações ocorridas na cena, destacam-se como é habitual nesta época, as anatomias escultóricas e os seus músculos em tensão. O movimento e o dramatismo da cena, são sem lugar de duvidas elementos de estilo barroco Estêvão era judeu da diáspora e morava em Jerusalém. Fazia parte dos sete diáconos que haviam sido encarregados pelos Apóstolos de assistirem os necessitados da comunidade. Seu nome em grego significa “coroa”, e evoca a idéia de martírio, porque nos séculos a seguir a coroa foi símbolo do martírio. Sua paixão é de fundamental importância porque não tem nada de fabuloso ou lendário.  

O   martírio deu-se fora da porta de Damasco , ao norte da cidade de Jerusalém  , ao lado de uma estrada onde surge agora precisamente a Igreja de Saint-Étienne ao lado da famosa École Biblique dos Dominicanos.  Era um lugar aberto, circular, em cujo centro se achava uma pedra, sobre a qual se ajoelhou o santo moço, rezando, com as mãos erguidas. Vestia uma longa veste , arregaçada, sobre a qual pendia, no peito e nas costas, uma espécie de escapulário, com duas fitas transversais; creio que era uma parte das vestes sacerdotais. Procederam no apedrejamento em certa ordem; em volta do lugar haviam juntado pedras, ao pé de cada um dos apedrejadores.


 Santo Estêvão foi o primeiro mártir do Cristianismo, sendo considerado santo por algumas das denominações cristãs (católica, ortodoxa e a anglicana). É celebrado em 26 de Dezembro no Ocidente e em 27 de Dezembro no Oriente por tais denominações. Ele também está listado entre os Setenta Discípulos.
A história de Estêvão diz-nos muitas coisas. Por exemplo, ensina-nos que nunca se deve separar o compromisso social da caridade do anúncio corajoso da fé. Era um dos sete encarregados sobretudo da caridade. Mas não era possível separar caridade e anúncio. Assim, com a caridade, anuncia Cristo crucificado, até ao ponto de aceitar também o martírio. Esta é a primeira lição que podemos aprender da figura de Santo Estêvão: caridade e anúncio caminham sempre juntos.
Sobretudo, Santo Estêvão fala-nos de Cristo, do Cristo crucificado e ressuscitado como centro da história e da nossa vida. Podemos compreender que a Cruz permanece sempre central na vida da Igreja e também na nossa vida pessoal. Na história da Igreja nunca faltarão a paixão, a perseguição. E precisamente a perseguição torna-se, segundo a célebre frase de Tertuliano, fonte de missão para os novos cristãos. Cito as suas palavras: “Nós multiplicamo-nos todas as vezes que somos ceifados por vós: o sangue dos cristãos é semente” (Apologetico 50, 13: Plures efficimur quoties metimur a vobis: semen est sanguis christianorum). Mas também na nossa vida a cruz, que jamais faltará, se torna bênção. E aceitando a cruz, sabendo que ela se torna e é bênção, aprendemos a alegria do cristão também nos momentos de dificuldade.

 O valor do testemunho é insubstituível, porque a ela conduz o Evangelho e dela se alimenta a Igreja. Santo Estêvão ensina-nos a valorizar esta lição, ensina-nos a amar a Cruz, porque ela é o caminho pelo qual Cristo vem sempre de novo entre nós.

sábado, 18 de fevereiro de 2012

La tempestad (1508) - Giorgione. H.

Giorgione: La tempestad
Hacia 1505. 82 x 73 cm. Oleo sobre lienzo.
Gallerie dell'Accademia, Venecia. .


"Giorgione (Castelfranco Veneto , c. 1477 — Veneza, fins de 1510) como é conhecido Giorgio Barbarelli da Castelfranco, foi um pintor do Renascimento na Itália. Por ter morrido com apenas 33 anos, deixou uma obra pequena em quantidade, mas de alta qualidade e grande influência em seu tempo.

A Tempestade vem sendo chamada de a primeira paisagem com figuras da arte ocidental. Embora a intenção desta obra seja desconhecida, a maestria do autor é evidente.À  direita vê-se uma  mulher  vestida apenas com uma túnica branca, um símbolo de pureza possível, amamentando seu bebê. Ela está nua, exceto pela túnica em branco sobre os ombros .Por sua barriga redonda e o fato de estar amamentando pode simbolizar a fertilidade ou a maternidade. Alguns críticos, no entanto, acreditam que representa a caridade enquanto outros veem a Virgem Maria com a criança.

À esquerda um Homem que os  teóricos não concordam, mas parece ser um soldado (embora sua equipe indica um pastor), que poderia simbolizar a força, relacionando bem com as colunas.Ele permanece na posição de contrapposto clássica esquerda. Sorri e olha para a direita, parece ver a mulher.

Os historiadores da arte identificaram o homem com um soldado, um pastor ou um cigano. Raios-X revelaram que em vez de o homem, originalmente Giorgione pintou um outro nu feminino. Para alguns, ela representa a força ou coragem. Eles apontam para as colunas atrás do homem. As colunas normalmente simbolizam força e firmeza. Embora neste caso, quebradas, seria um sinal clássico de morte.


 Paisagem: A paisagem não é apenas um pano de fundo.  É a  verdadeira estrela da cena. Giorgione fez esboços preliminares, mas diretamente pintado. A luz e a cor da chegada da tempestade, depois que você vê relâmpagos no céu, é o verdadeiro sujeito da pintura. Eles dizem que a paisagem poderia representar Arcadia, na periferia de uma cidade.A cena é completada por um córrego, árvores e ruínas. As nuvens escuras do céu iluminado por um clarão de relâmpago, anunciando a tempestade iminente.As cores são suaves e iluminação suave. Dominado por cores frias como azuis e verdes. Ao centro uma ponte sobre um rio de águas escuras,algo comum nas casas de campos.


A representação hipnótica da tempestade iminente age como um símbolo do poder da natureza. Somente pintores britânicos do século XIX conseguiram  capturar a emoção do tempo, que, juntamente com as ruínas, são elementos puramente românticas.

Há algumas cegonhas no telhado da direita. Cegonhas, por vezes, representam o amor entre pais e filhos.

Neste quadro, como em outros de Giorgione, a natureza e a história estão intimamente ligadas , as pessoas e coisas envolvidas no mesmo sentido estão em condições de igualdade.

Segundo  Alvarez Lopera ( J., b ., cit., p. 143-145) "A Tempestade resume toda a tecla" giorgionismo. "É um quadro que mostra um profundo senso de mistério.uma pequena ponte nas águas escuras perto de uma cidade explode em tons brilhantes sob um céu ameaçador cuja nuvens são divididos pelo brilho de um relâmpago. Nenhum traço de mal-estar nos personagens e seu isolamento, além disso, não é quebrado pela proximidade: eles vivem suas próprias emoções no seio da natureza, apesar dos sinais, favores e envolvido em uma atmosfera de sonho onde não há espaço para o drama. A falta de reação para o desencadeamento das forças da natureza nega o efeito do imediatismo da vida, causando uma sensação de eternidade que nos leva para os domínios da fábula.Giorgionesca revolução, baseada principalmente na abertura de novas áreas temáticas, mitologia, fábula, história, e como eles foram abordados (com um espírito contemplativo cheio de lirismo, devaneio e um senso de natureza perto panteísmo), foi também extremamente profundo a partir do ponto de vista técnico. Para caracterizar a novidade Giorgione Vasari relata que suas pinturas eram realizadas diretamente, sem desenhos ou esboços preliminares."

http://arte.observatorio.info/2007/10/la-tempestad-giorgione-h-1508/
http://www.escreveretriste.com/2012/05/a-tempestade-2/. 
           Google.com


Entenda melhor a obra assistindo o vídeo no link abaixo:


http://www.youtube.com/watch?v=ZF5einuU60Q&feature=channel






terça-feira, 24 de janeiro de 2012

"Solidão" e "O Negociante de gado" - Marc Chagall

Solidão - Marc Chagall

 Fonte: Maria Luiza Calim de Carvalho Costa UNESP/Bauru ( MARC CHAGALL E SERGIO SANT`ANNA NAILUSTRAÇÃO DE DARCY PENTEADO)e Carmen Lúcia Fornari Diez (THEODOR ADORNO E MARC CHAGALL:
estéticas de manifesto como confinium de resistência)
"Marc Chagall nasceu em 1887, na cidade de Vitebsk, na Rússia. Seu nome verdadeiro era Moshe Segall, mais tarde adotou o nome artístico de Marc Chagall e assim ficou conhecido no mundo das artes plásticas.
 Marc Chagall  espelha em suas obras os acontecimentos de sua infância. Esse universo figurativo de Chagall está implantado nas tradições de sua origem, no pensamento anti-racional da Rússia e na rigorosa ausência da arte figurativa no judaísmo. “Neste sentido, os cenários de Chagall nunca estão isolados de um mundo de idéias místicas, o qual transforma, antes de tudo,os motivos em símbolos, em representantes de uma realidade invisível” (WALTHER&METZGER,1994,p.24).

Um dos seus quadros mais conhecidos traz o título Solidão. Nesse quadro, Chagall retratou uma vaquinha tranqüila, deitada junto a um violino, casas russas em um plano de fundo e uma enorme figura de um judeu em primeiro plano. O judeu se apresenta como uma pessoa melancólica, pensativa, segurando um rolo de Torá, o livro sagrado dos judeus. Complementando a cena, vemos um anjo voando. Anjos são imagens recorrentes nos quadros de Chagall. A vaca, de acordo com WALTHER (1994) simboliza o povo de Israel, “...correspondendo às palavras do Profeta Oséias: «Sim, Israel é teimoso como uma vaca» Ambos simbolizam o povo de Chagall, o povo na diáspora, tal qual revela o ambiente russo. O homem tornou-se Asevero, o judeu errante, que vagueia por esse mundo infinito sem saber qual será seu futuro.”(p.60)



Óleo intitulado «O Negociante de Gado»
(1912)
Aqui aparece  em cena a simplicidade harmônica da vida campesina. “Metáforas de tranqüilidade dominam cenas rústicas: o potro protegido na barriga da égua, ainda por nascer, o cordeiro às costas da mulher, citando o motivo do Bom Pastor, a ponte que o carro atravessa calmamente”(WALTHER&METZGER,1994,p.27). A impressão geral da tela transmite uma descontração, que de certo modo, desvia a atenção de que o negociante dos animais os venderá, supostamente, a um matadouro. Apesar dessa impressão geral de tranqüilidade, observando-se mais atentamente a composição, percebe-se uma tensão quanto à direção: a carroça vai da esquerda para direita, em contraposição o homem, o gado sobre a carroça, a camponesa e a mulher que abraça o soldado, olham para a esquerda criando uma força contrária ao movimento da carroça. Nota-se que o cordeiro sobre os ombros da camponesa volta sua cabeça para a face da camponesa, impedindo,assim, que o olho do observador se evada do quadro pela esquerda. Abaixo  das patas do cavalo encontra-se um soldado sendo enlaçado por um braço de uma mulher como se estivesse se despedindo. As feições do soldado e da mulher inspiram tristeza. Está construída a metáfora do soldado que, como um gado ao matadouro, vai à guerra. A metáfora desconstrói a suposta cena ingênua campestre e traz a baila a denúncia das tristezas de uma guerra. A égua prenha alude à orfandade que uma guerra proporciona. A tensão, então, é representada à esquerda através da vida boa do campo que se deixa para traz e, à direita a direção do matadouro, da guerra, da morte. As rodas da carroça, que levam, inevitavelmente, o gado para o seu destino, pode-se interpretar como a roda da vida, que gira incessantemente num nascer, viver , morrer e nascer...



A queda de um Anjo - 1947

 “A Queda do Anjo”, iniciada em 1923 e terminada em 1947 realiza a síntese da trajetória artística do pintor e da queda do Reich. Este, representado no anjo vermelho que cai, não sem antes mutilar o menorah, signo de Israel. A única vela que restou, dentre sete, permaneceu acesa, indicando a resistência judaica, tema que continuará integrando os trabalhos posteriores do artista, com tonalidades menos torturadas, mas sempre presentes, mesmo quando retomou a mitologia grega com “A Queda de Ícaro”(1975) ou com “Orfeu”(1977).

 No primeiro momento tem-se a impressão de uma imagem caótica, com muitos elementos aparentemente desconectados uns dos outros. O título da obra oferece a primeira ancoragem para a leitura: A queda do anjo vermelho, enunciada em uma grande diagonal formada pelas asas, mas também, perpendicular às asas, pelo corpo do anjo.

Numa asa do anjo encontra-se Nossa Senhora com o Menino, ao lado dela um castiçal com uma vela e o Cristo Crucificado, são os motivos ligados à salvação. Na outra asa, um relógio, seria a tirania do tempo que a todos foi inferido através da origem do mal. A contagem do tempo supõe um fim: a morte; o relógio seria, então a representação da hora da morte. Nota-se que este anjo não é assexuado! Pelos seios e quadril percebe-se uma mulher.

 No canto inferior esquerdo do quadro está o judeu segurando o rolo das escrituras, alusão à passagem bíblica que a obra retrata. Entre o anjo e o judeu forma-se uma faixa diagonal, onde estão inseridos alguns elementos: Um homem com uma bengala, uma lua cheia, um violino e um animal, supostamente um cavalo.

 No âmbito da arte contemporânea, marcada pelo formalismo e a abstração, a pintura de Chagall se destaca pela importância que tem nela o elemento temático, de fundo onírico, que, por sua vez, reflete as profundas raízes afetivas e culturais do artista. Sua obra, moderna, assimilou todas as conquistas formais da arte contemporânea." (Fonte: Maria Luiza Calim de Carvalho Costa (UNESP/Bauru) e Carmen Lúcia Fornari Diez nas pesquisas no começo linkadas)

domingo, 27 de novembro de 2011

“Camille Monet et l’enfant dans le jardin” - Claude Monet


Camille Monet et l'enfant dans le jardin -1875
* Edimar Pessoa
  • Monet amava a natureza e gostava de pintar ao ar livre aplicando na tela os efeitos da luz solar. As suas obras com os efeitos da luz e rápidas pinceladas deu origem ao impressionismo“Pinto como um pássaro cantadizia ele, tal era a sua relação com a pintura e o gosto de a fazer ar livre. 


 "A tela intitulada “Camille Monet et l’enfant dans le jardin”, de 1875, de Claude Monet, apresenta a graciosidade de uma mulher sentada num banco, em um lindo jardim, entretida num trabalho manual, atividade comum às mulheres no século XIX.

Na tela ,Monet retrata o ambiente doméstico, intensifica a relação mãe e filho no jardim, projeta uma satisfação idealizada no rosto da mulher que, apesar de mostrar serenidade, também transmite uma solidão que contagia o ambiente ao redor.

Rosto sereno, porém, sem expectativas, como se já soubesse que tudo acontecerá como sempre foi. A luminosidade das cores primárias, vermelho-carmim, amarelo e o verde com complemento, flui do centro e irradia todo o jardim ao redor da personagem que está a costurar com elegância. Mas se o espectador olhar fixamente para a tela pintada por Monet (e olhar uma pintura é como fazer uma viagem), poderá vislumbrar o confronto entre a luz e as sombras. Atrás da mulher, luz e vida; no entanto,em seu rosto, predomina aquela serenidade obscura. Na época, as atitudes dos homens eram sempre definidas e inquestionáveis: chefe de família. Por parte da mulher, tudo a direcionavam para o cultivo da domesticidade e dos deveres de esposa.

A mulher deveria ser orientada apenas para a formação necessária à educação dos filhos; seu papel de guardiã do lar e da família deveria ocupar-se ao máximo de afazeres domésticos.

 A mulher  retratada é Camille e seu filho,primeira esposa  do pintor Claude Monet.

 A tela, para ser lida como um texto, exige, portanto, do espectador um olhar crítico sobre essa cena idílica que, num primeiro momento, parece-nos apenas harmoniosa e tranqüila. A cena é tão singular que pode ser considerada insignificante, mas sugere o perfil de uma sociedade marcada pela estrutura patriarcal, que controlava e reprimia a participação da mulher nos destinos da sociedade, a cada dia impedindo, com o
olhar da indiferença e imposição, os sonhos, desejos e realizações dessa mulher."

 *Fonte: Edimar Pessoa - Um olhar sobre a tela intitulada“Camille Monet et l’enfant dans le jardin,” de Claude MonetEdimar Pessôa *Universidade do Estado do Rio de Janeiro)


Quem foi Monet?
"Monet sempre procurou retratar a impressão da luz em suas cenas, buscando aqueles momentos mágicos e instantâneos que desaparecem em minutos. Pesquisador incansável da luz, ele percebeu sem se alarmar, que sua visão diminuía dia-a-dia. Depois, descobriu que não enxergava mais. Três anos antes de falecer, foi submetido a uma cirurgia de catarata e recuperou sua capacidade visual.
Nasceu no dia 14 de Novembro de 1840. Aprendeu com Eugéne Boudin a pintar ao ar livre e desde então decidiu ser pintor, contrariando o pai e a família. Somente sua tia, Madame Lecadre, pintora, ajudou- o, dando- lhe dinheiro para estudar arte em Paris em 1859 ( com 19 anos ).
Conheceu em Paris, artistas como Bazille, Renoir, Sisley, Pissarro e Cézanne, Degas, formando o grupo dos impressionistas.
Monet apreciava demais pintar ao ar livre e após a invenção da tinta à óleo em tubo ficou mais fácil carregar o material. Desejava ser conhecido e para isto era preciso expor no Grande Salão de Paris. Mas os juízes que escolhiam nem sempre aceitavam suas telas "" (FONTE; Dança e Arte.)
VEJA MAIS OBRAS DE MONET   A  Q  U  I

sábado, 29 de outubro de 2011

O Lavrador de Café - Cândido Portinari

Pintura a óleo sobre tela 100x 81 cm
“Lavrador de café” Portinari. 1934


"O " Lavrador de Café", pintura que mede 1 metro por 80 centímetros  retrata um trabalhador negro em uma fazenda de café do início do século 20, está entre as obras mais conhecidas do artista e é importante representação desse interesse de Portinari pela temática nacional.

No quadro O  Lavrador de  Café  o modelo   aparece  bem  mais    musculoso   do  que   o  normal .  A figura   deformada com pés e mãos enormes  é  o  que aproxima  do  Pintor   Portinari   ao   expressionismo .
Aumentar o  tamanho  do corpo  de seus personagens  era  o  jeito  que o artista usava para mostrar a  importância do trabalhador  brasileiro.

 Essa  deformação expressiva, notadamente a dos pés e das mãos de grandes figuras dramáticas e comoventes pode ser considerada uma das características marcantes do pintor.Em primeiro plano, centralizada, aparece a figura do lavrador com os detalhes dos pés e das mãos disformes expressos de maneira exagerada. Pode-se mesmo comparar o tamanho das mãos e dos pés com o tamanho da cabeça. Destaca-se também a enxada em sua mão direita, com a base de tamanho exagerada, assim como seus pés e mãos. As calças brancas do lavrador contrastam com o chão escuro. Sobra pouco espaço acima e abaixo do lavrador, no quadro. O pintor nos mostra a forte atuação do trabalhador rural na lavoura do café.

A árvore decepada, a direita conota desmatamento, fim da mata natural. É a mudança da paisagem proporcionada pela cultura do café.
Em segundo plano, aparecem os montes dos grãos já colhidos. A iluminação ressalta os picos dos montes, na cor amarelada. Entre eles, um dos montes aparece na cor verde e nele estão presentes algumas arvorezinhas.

Ao fundo temos inúmeras figuras de pés de café, tanto na superfície plana como nos morros. Percebe-se que parte das plantações dos pés de café já está indo em direção ao espaço reservado para seleção e ensacamento. Com esses detalhes, percebe-se a superprodução ai registrada. O olhar do lavrador é expressivo e nele predomina a preocupação. Tem-se a impressão de que ele sente a ação devastadora da exploração que o homem faz na natureza.

Quando observa-se esses detalhes que compõem o quadro, começamos a entender o efeito da figura do lavrador que de imediato se destaca na paisagem. A cena que é colocada numa colina da qual se vê uma extensa e longínqua paisagem com uma faixa de céu ao fundo, destaca a parte superior do lavrador.
A grande plantação que se estende para além da colina é relativamente pequena em contraste com o tamanho do lavrador.
Outro elemento presente no quadro é o trem, colocado entre os pés de café e os montes de grãos. Sabe-se que era o trem o meio de transporte utilizado para enviar a produção cafeeira ate Santos para ser exportada aos diversos países, em especial, aos Estados Unidos.


A figura do trem nos permite refletir sobre a história de município, pois como registra Lima (LIMA, Roberto Pastana Teixeira. Amparo: Flor da Montanha. São Paulo: Noovha América, 2006.), "o café e a ferrovia sempre andaram juntos."

FONTE:

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O Lavrador de café faz menção à temática social das mais recorrentes em Portinari que, só sobre esse tema, realizou cerca de 50 obras, tendo recebido, em 1935, a 2ª Menção Honrosa do Carnegie Institute, em Pittsburgh, nos EUA pela tela “Café”, hoje pertencente ao Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro.É uma das telas mais famosas de Candido Portinari (1903-1962), cuja data é confusa, para o MASP ela teria sido elaborada em 1939, mas para o Projeto Portinari [8], a obra data de 1934.

Fonte: UNI>ERSIA
http://www.sabercultural.com/template/obrasCelebres/PortinariOLavradorDeCafe.html
 http://educar.sc.usp.br/cordoba/gob_bispo/arte_bispo.html
 http://pre-vestibular.arteblog.com.br/45996/PORTINARI-anotacoes/

Veja video abaixo e saiba mais sobre Portinari:

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

O Derrubador Brasileiro - Almeida Jr. (1850-1899)



O Derrubador Brasileiro, 1879
Museu Nacional de Belas ArtesRio de Janeiro
 * Do Blog Arte Brasileira, Jornal da Unicamp e Wikipedia

"A introdução do tema regional nas obras do pintor José Ferraz de Almeida Júnior sempre foi um ponto polêmico entre a crítica: se uma parte nega-se a reconhecer aspectos inovadores na produção de Almeida Jr. (assim reconhecido internacionalmente), por causa dos padrões acadêmicos de pintura, a outra ressalta a importância de sua obra para a arte brasileira.

O "Derrubador Brasileiro" foi pintada em Paris em 1879, trai na presença dos rochedos a concepção do realismo, mas nos demais elementos - nos coqueiros, na natureza tropical do pequeno trecho da paisagem, nas feições mestiças do homem, exprime a nostalgia da pátria distante. "É nosso, o jeito do homem se apoiar no instrumento (braço esquerdo), sentar-se,segurar o cigarro entre os dedos,manifestar no corpo largado,a impressão de força cansada". 

"O Derrubador", apoiado em seu machado, emana uma força muscular mas também um erotismo forte, que é possível deixar por conta das ambigüidades naturalistas, onde "o povo" vem carregado de seduções carnais, de potência sexual -veja-se Aluísio Azevedo, veja-se Júlio Ribeiro. Almeida Jr. [1850-1899] insiste no volume entre as pernas do trabalhador." ( fonte:  blog Arte Brasileira)

Oswald de Andrade, um dos críticos mais influentes do período modernista, por exemplo, aponta o artista como precursor de uma pintura genuinamente brasileira. Entre suas principais obras estão Caipira picando fumo(já destacada nesse blog), Violeiro e Amolação interrompida. 

Assim como muitos outros artistas brasileiros, José Ferraz de Almeida Júnior mais conhecido por todos como Almeida Júnior teve grande reconhecimento internacional devido sua obras artísticas, das quais representava fielmente estilos como realismo e naturalismo. Nascido na cidade de Itu no ano de 1850, Almeida Júnior nasceu no dia 8 de maio, que hoje é comemorado do Dia do Artista Plástico no Brasil.

Realista, os personagens do pintor são gente de carne e osso, que conheceu pessoalmente, gente que tinha nome, comia, vivia, amava. Assim, o modelo para Picando Fumo era um tipo popular de Itu, Quatro Paus; e a mulher que aparece escutando O Violeiro era figura notória da cidade, misto de enfermeira e dançarina num cabaré local.

É curioso observar que, no Derrubador brasileiro, à falta de um autêntico caboclo paulista, Almeida Júnior tomou como modelo um jovem italiano de nome Mariscalo.

Fonte : 
Blog Arte Brasileira
RAQUEL DO CARMO SANTOS (Jornal da UNICAMP)
Wikipedia

Veja mais obras de Almeida Junior A  Q  U  I 

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Soft Construction with Boiled Beans (Premonition of Civil War) - Salvador Dalí

Salvador Dali - 1936 - oil on canvas 100 cm × 99 cm (39 5/16 in × 39 3/8 in)

Construção mole com feijões cozidos (Premonição da Guerra Civil-1936) é uma pintura do espanhol surrealista Salvador Dalí.

Esta pintura  é uma das poucas em que Dalí voltou sua atenção para a tragédia que afligia sua terra natal em 17 de julho de 1936, quando o general Francisco Franco liderou um golpe de Estado militar contra o governo,o democraticamente eleito Frente Popular. Visão selvagem do artista - uma figura em decomposição se divide,como precedendo a eclosão da Guerra Civil Espanhola e, assim, profeticamente prediz as atrocidades cometidas durante o conflito sangrento.

A pintura é usada para mostrar a luta da guerra, que às vezes pode ser tanto de auto-realização como auto- 
mutilação ao mesmo tempo. Apesar de seu apoio ao General Franco, Dalí foi abertamente contra a guerra, e usou essa pintura para mostrá-lo. O feijão cozido pode referir-se à oferta Catalão antiga aos deuses. O homenzinho no canto inferior esquerdo é uma representação surpreendente, inspiradora de espíritos contidos nas almas de Anneke van e Nikki Lugo, amigos de infância e musas de Dalí.


Pode-se dizer que Salvador Dalí desenvolveu a sua "versão dolorosamente precisa do surrealismo para conseguir o que ele chamou de uma irracionalidade concreta". Isso, esperava ele, seria dar credibilidade às imagens do inconsciente, que por sua vez são vergonhosas ao mundo da realidade. Em construção suave com feijões cozidos, no entanto, Dalí aplica seu método para o assunto muito real e profundamente perturbador da Guerra Civil Espanhola de 1936-39. Aqui uma vasta e grotesca mão rasga próprio corpo , a sua careta registrar a dor ou o êxtase. Contra um céu  azul e a paisagem seca do norte da Espanha, a figura mutante domina seu meio ambiente. Essa disjunção de escala indica a sua função simbólica - apesar de sua concretude histérica - como uma representação do físico e emocional de auto-conflito em que a Espanha foi tanto a vítima quanto o agressor. O pequeno professor, vagando por toda a paisagem à esquerda, acrescenta um contraponto estranho à massa frenética de carne, como fazem os pedaços de feijão cozido que pode referir-se a oferta catalã antiga para apaziguar os deuses.


Nas próprias palavras de Dalí,  "Um vasto corpo humano sai em excrescências monstruosas de braços e pernas rasgando um ao outro em um delírio de autostrangulation" .Surrealistas colegas de Dalí revelaram que na profanação do corpo humano, seja na pintura, escultura, ou fotografia,  nenhum deles tinha ainda descido a tais profundidades de anatomia tortuosa. A careta de êxtase, os músculos do pescoço esticado, o tronco elástico, e os dedos das mãos e pés petrificante tudo conspira para criar uma visão de fascínio repugnante. Tão convincente é a presença terrível da construção que parece ser um fenômeno autêntico natural, uma oitava maravilha do mundo, ao invés de meramente uma figura humana ou uma aparição imaginada. Com a forma fálica sobre o hip truncado, Dalí implantou o dispositivo de assinatura do formulário "soft", e os grãos dispersos do título exemplificam as incongruências bizarra de escala que ele usou para conjurar o funcionamento da mente inconsciente. Dalí saudou Sigmund Freud, cujo trabalho inspirou a abraçar suas visões de pesadelo, com um pequeno retrato -  a mão ondulada no canto inferior esquerdo. 

Fonte: Wikipedia 
 http://theneedlessnessofwar.blogspot.com.br/2011/05/soft-construction-with-boiled-beans_12.html


Veja os vídeos: