"Os meus detalhes são
sistematizações de sensações..."
(Bira Lourenço)
Já se definia em tempos atrás que percussão é " instrumento musical cujo som é obtido através do impacto,
raspagem ou agitação, com ou sem o auxílio de baquetas.” Mas
o que dizer do som criado através de instrumentos inusitados como a água e/ou a
vara de bambu entre outros objetos não reconhecidos como instrumento de percussão? Bira Lourenço* é o percussionista em questão que faz da arte do
objeto que tem em mãos os sons mais instigantes e contagiantes.Ele não apenas
produz som, ele é o som...é a palavra... é a música... é a essência de algo
maior,transcendental...iluminado por um dom excepcional que só pode ter vindo da
luz...do que há de mais belo no universo.É capaz de quebrar interditos ...Sua alma está centrada no instrumento,seu
coração no batuque... no ritmo....Podemos dizer que o seu som vai do silêncio à
intensidade máxima da elevação espiritual...sons estes, cuja altura não pode ser
perfeitamente determinada,pois produzem variações incertas de altura ao longo
de sua duração produzindo um acompanhamento que não interfere na harmonia do
que há de mais belo na percussão.È capaz de superar a imanência daquilo que nos paralisa.
Como dizia um grande doutor em Ciência da literatura Sr.Paraguassú que “as questões brotam dos
caminhos da abertura do ser, onde reside um querer que se põe à busca da origem
daquilo que se mostra - a coisa - e que se dá em experiência ganhando ‘forma’
ao evidenciar-se na sua gênese, conduzindo a vontade, o ‘querer’". Bira Lourenço
é isso – busca na multiplicidade infinita do instrumento que tem em mãos o som
mais precioso onde é tomado pelo próprio ser e,é por essa abertura do ser que
se mostra como questão a ser observado diferentemente dos conceitos
fechados,pois agrega em si uma pluralidade de possibilidades que geram outras
possibilidades do ser, do ser como verdade que brota ,que instiga,que se instaura e vigora desnudando o que continuamente desnuda.Seu corpo,seu toque no instrumento,seu batuque parece buscar sair de si,encontrar-se com um ser - ou em um ser - que lhe dê a plenitude daquele momento.
Sua sonoridade que a primeira mão estaria em segundo
plano por estar acompanhando alguém no palco,ultrapassa o plano em questão e se
revela como a peça principal.Chega até nós e nos impulsiona a fazer o salto
para o abismo a procura de desvendar o mistério que o envolve,sua transcendência... Bira Lourenço não
se deixa aprisionar pelos conceitos da percussão,ele quebra paradigmas e mostra
que a arte não está presa a teorias...traz luz à ilusão e ao mistério como força
vital presente, eclode mesmo na ausência de sua presença,é SER sendo, onde não
ser é eterna presença...é REAL....
Seus instrumentos inusitados dialogam entre si e consigo mesmo...seu corpo,sua alma celebram o batuque de forma plena...
Ele vai além do "ser" percussionista em palco.Sua essência transcende a técnica, transcende a linguagem, no fazer de cada instante,no co-fazer e no com-crescer pela
doação da própria alma ou do co-espírito para a essência da verdade e, tudo se resume ao que ele
próprio diz: “Toco a mais pura verdade dos sons que em mim habitam ou perpassam...”
Conhecer Bira Lorenço é impossível ,pois para isso precisa se embrenhar nesse mistério que é a sua dimensão transcendente.É quebrar o interdito como dizia Clarice Lispector ,mas conhecer sua alma no toque de cada instrumento é mágico.
*Bira Lourenço: "licenciado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Bira Lourenço é professor de percussão em projetos com alunos de escolas públicas, portadores de necessidade educacionais especiais, formação professores e ressocialização de apenados e egressos do sistema penal. Participa de discos dos compositores locais, já desenvolveu vários trabalhos associados ao Teatro, em pesquisa sobre a dramaturgia sonora, e dedica-se a pesquisar possibilidades sonoras com a água, instrumentos de barro e objetos."
Conhecer Bira Lorenço é impossível ,pois para isso precisa se embrenhar nesse mistério que é a sua dimensão transcendente.É quebrar o interdito como dizia Clarice Lispector ,mas conhecer sua alma no toque de cada instrumento é mágico.
*Bira Lourenço: "licenciado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Bira Lourenço é professor de percussão em projetos com alunos de escolas públicas, portadores de necessidade educacionais especiais, formação professores e ressocialização de apenados e egressos do sistema penal. Participa de discos dos compositores locais, já desenvolveu vários trabalhos associados ao Teatro, em pesquisa sobre a dramaturgia sonora, e dedica-se a pesquisar possibilidades sonoras com a água, instrumentos de barro e objetos."
Já falou do Geraldo Cruz,agora do Bira,esperamos pelo do Bado agora.Obrigada,pela sua visão e entendimento da pluralidade que envolve a nossa Rondônia.Bira é isso mesmo,não conseguimos chegar até até onde ele vai ao tocar.Acha que esse texto traduziu bem quem ele é.
ResponderExcluirExcelente texto que reproduz com fidelidade o grande artista que é Bira Lourenço. O grande Nana Vasconcélos passou a tocar na Banda de Lá, junto da orquestra do Maestro do Universi. Mas deixou, aqui, o grande Bira, que passa a tocar na Banda de cá, dando continuidade à sua arte, como espelho de toda grandeza da musicalidade universal.
ResponderExcluirConcordo plenamente, Bira é excepcional e pode perfeitamente ser comparado a Naná Vasconcelos.
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